Alessandra Oggioni
Dividir custos para usufruir de bens de alto valor, como aeronaves, barcos e até mansões, tem se tornado uma prática cada vez mais crescente no BrasilTer sempre um jato à disposição, um iate para passear pelo litoral ou uma mansão para passar as férias em diferentes locais do mundo são luxos que muitos gostariam de ter. Para tornar estes desejos menos onerosos, a aposta é o conceito de “consumo compartilhado”. Nesse modelo, “sócios” têm cotas em itens de alto valor, como carros, barcos e aeronaves, por um período pré-determinado – tudo isso, claro, por um preço bem abaixo do que precisaria investir para adquiri-lo individualmente.
Mais:
- Alugue um superesportivo nas férias
Interesse dos brasileiros por compras compartilhadas de carros de luxo cresceu 10% no ano passado
Foto: Divulgação
Nesse sistema é possível circular com um Ferrari, Porsche ou Maserati por até um quarto do valor real do bem
Foto: Divulgação
O compartilhamento de iates e lanchas também tem apresentado maior procura no mercado brasileiro
Foto: Divulgação
A compra compartilhada de barcos permite desfrutá-los por até dez semanas ao ano
Foto: Divulgação
Rogério Andrade, presidente da Avantto, diz que a procura pelo compartilhamento de aeronaves cresceu 60% nos últimos dois anos
Foto: Divulgação
Aeronaves maiores, como a Phenom 300, também podem ser “adquiridas” no modelo de compartilhamento
Foto: Divulgação
O compartilhamento de um helicóptero pode gerar uma economia de até 90% com relação à compra exclusiva
Foto: Divulgação
O modelo de cotistas também é aplicado a imóveis de alto padrão, como neste empreendimento na Bahia
Foto: Nilton Souza
Uma das casas no Quintas Private Residence pode ser “adquirida” com mais 11 pessoas pela fração de R$ 190 mil
Foto: Nilton Souza
Cada cotista pode usufruir da residência neste condomínio na Bahia por quatro semanas por ano
Foto: Nilton Souza
Já bastante praticado nos Estados Unidos e Europa, o sistema ganha força aqui no Brasil. Entre os serviços mais conhecidos está o de compartilhamento de carros de luxo, no qual pessoas dividem a cota de máquinas como Ferrari, Maserati e Porsche e podem usá-las em dias e horários distintos. De acordo com Marcus Matta, diretor da Prime Fraction Club, empresa que realiza o compartilhamento de bens de alto valor, a procura por este tipo de serviço só vem crescendo ao longo dos anos e, em 2012, teve um aumento de 10%.
Matta explica que a grande vantagem do modelo compartilhado é realmente a redução do custo. No caso do veículo, essa diminuição pode chegar a até um quarto do valor real do bem. Funciona assim: três ou quatro associados adquirem a fração de um grupo de dois ou mais automóveis e têm o direito de desfrutar das máquinas durante duas semanas por mês cada um. Por exemplo, no "pacote" mais sofisticado, o cotista pode utilizar uma Ferrari 458, um Aston Martin Vantage V8 Coupé, um Lamborghini Coupé LP 560-4 ou um Porsche 911 Carrera 4S pelo valor total de R$ 1.041 milhão. Além disso, o usuário também paga uma taxa fixa de manutenção (no caso apresentado, R$ 16.500 por mês) e o combustível utilizado. “O carro dos sonhos é entregue ao cliente com tudo em dia, higienizado e com o tanque cheio”, diz o diretor.
Um avião ou iate para chamar de seu
Além dos carros premium, também é cada vez maior o número de interessados no compartilhamento de aeronaves. De acordo com Rogério Andrade, presidente da Avantto, companhia especializada no serviço, a procura por esse modelo de negócio cresceu cerca de 60% nos últimos dois anos.
Mais:
- Conheça o hotel cinco estrelas do ator Richard Gere
Para o executivo, os números positivos refletem as vantagens do sistema de compartilhamento, entre elas a economia de até 90% com relação à compra exclusiva de um helicóptero, sem contar a redução de 80% nos custos fixos mensais de manutenção. “A pessoa gasta muito menos do que se fosse comprar sozinha, além de não precisar se preocupar com logística de voo, contratação de pilotos, treinamento”, afirma Andrade.
Como exemplo, o executivo da Avantto cita o helicóptero Agusta, que custa por volta de US$ 7 milhões. Com uma décima parte disso, ou seja, US$ 700 mil, dez cotistas podem usufruir da aeronave sempre que desejarem – basta agendar com, no mínimo, seis horas de antecedência. Fora a cota, o usuário tem uma taxa mensal de cerca de R$ 21 mil, para custear despesas com piloto, tripulação, hangar e outros serviços. “Se tivesse que bancar tudo sozinho, teria de gastar cerca de R$ 100 mil por mês”, garante Andrade.
Além do crescimento na busca pelo compartilhamento de aviões, o mesmo acontece com iates e lanchas de luxo. Por até um quarto do valor de compra, quatro associados adquirem uma fração de embarcações de alta performance e conforto, como os modelos Azimut 68S e Ferretti 460 Platinum, e conquistam o direito de desfrutá-la por até dez semanas ao ano, escolhendo as datas de sua preferência. Além da máquina, os “sócios” também contam com total mordomia, com equipe de bordo, cabines decoradas a seu estilo pessoal e até chef de cozinha, se desejarem, além dos serviços de manutenção já incluídos na cota.
Mais:
- Crescente interesse por barcos de luxo justifica investimento dos estaleiros nacionais
Mansão em Nova York ou Dubai
E não são somente carros, helicópteros e iates que podem ser compartilhados. O modelo de cotistas também é aplicado a imóveis de alto padrão. Para quem está cansado de ficar em hotéis, mesmo que sejam cinco estrelas, a opção é ser “dono” de uma mansão em Nova York, no Caribe ou em Dubai. Isso é o que propõe o chamado sistema de propriedade compartilhada.
No programa da RCI, por exemplo, uma das empresas especializadas neste tipo de serviço, estão disponíveis casas de luxo e apartamentos em mais de 180 destinos pelo mundo. Uma delas, toda mobiliada, fica às margens de Sauípe, na Bahia, em um condomínio com 30 residências de 400 metros quadrados. Pelo sistema, o comprador adquire uma cota do imóvel no Quintas Private Residence por uma fração de R$ 190 mil, juntamente com mais 11 pessoas, e pode usufruir do bem por quatro semanas por ano. Vale lembrar que, se fosse comprar a propriedade com exclusividade, teria de desembolsar pelo menos R$ 1,2 milhão.
Nesse caso, cada proprietário recebe uma escritura que lhe concede o direito de usar o imóvel durante 100 anos, em datas previamente programadas. No entanto, se ele quiser, pode disponibilizar o próprio período de utilização para outra pessoa e desfrutar dos dias de posse em qualquer outra casa que faça parte do sistema RCI, em diversos locais pelo mundo. “A indústria da propriedade compartilhada cresce 30% ao ano. Esta é mais uma alternativa para o comprador, pois é uma aquisição muito racional, onde se paga só pelo que se usa, e ainda não precisa ficar indo sempre para o mesmo lugar nas férias”, explica Alejandro Moreno, diretor da RCI no Brasil.
Leia ainda:
- Academia VIP tem sala de maquiagem, vestiários individuais e mensalidade de R$ 900
- As ilhas mais icríveis do mundo