The New York Times
Considerada a Ferrari dos fotógrafos, máquina da marca alemã exige experiência e pode custar até US$ 20 milOs smartphones de hoje tiram fotos de boa qualidade, e por isso, comprar uma câmera comum pode parecer um desperdício. Agora, imagine comprar uma máquina fotográfica digital Leica totalmente manual que, com corpo e lente, pode custar até US$ 20 mil. Ridículo? Talvez. Entretanto, os fotógrafos profissionais que possuem uma Leica defendem sua habilidade, qualidade da lente e falta de sinos e apitos mesmo enquanto assumem que seu amado equipamento não é, bem, para qualquer um.
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Foto de floresta californiana tirada com oito segundos de exposição em uma Leica M9-P , em setembro de 2012
Foto: Nick Bilton/The New York Times
Foto de casal caminhando na neve em praça de Munique, em janeiro de 2013, tirada com uma Leica M Monochrom
Foto: Nick Bilton/The New York Times
Foto de personagem fumando, tirada com uma Leica M9-P, em Los Angeles, em julho
Foto: Nick Bilton/The New York Times
Foto do Lago Como, na Itália, tirada com uma Leica M9-P, em abril de 2013
Foto: Nick Bilton/The New York Times
Foto de pombos voando tirada com uma Leica M Monochrom, em Munique (Alemanha)
Foto: Nick Bilton/The New York Times
Foto de criança abraçando seu cachorro, tirada com um Leica M Monochrom, em Los Angeles
Foto: Nick Bilton/The New York Times
Foto de uma senhora nas ruas de Veneza (Itália), tirada com uma Leica M Monochrom
Foto: Nick Bilton/The New York Times
A questão é se o seu amor pela fotografia – e talvez sua habilidade – é grande o bastante para justificar gastar o valor de um carro em uma câmera. "Para a maioria das pessoas, a Leica é absolutamente a câmera errada. Porém, se você é realmente dedicado à arte, então as fotos que ela consegue tirar são maravilhosas", afirmou Christopher Michel, fotógrafo e investidor da Nautilus Ventures.
A Leica, com sede na Alemanha, lançou sua primeira câmera digital de alta qualidade em 2006, a M8, mas a empresa está no mercado de câmeras há quase um século. Em 1932, a Leica ganhou fama ao introduzir a câmera telemétrica M-System, seu primeiro corpo com suporte para lentes intercambiáveis. Embora ela tenha tido problemas na transição ao digital, a Leica hoje vende quase uma dúzia de câmeras digitais, incluindo algumas câmeras simples de bolso. No entanto, os modelos mais cobiçados ainda são as telemétricas da série M-System.
Diferente das DSLR (sigla em inglês para reflexo digital de lente única), onde o modelo de uma foto é visto através de um espelho, as telemétricas oferecem imagens mais nítidas porque a lente fica mais próxima do sensor da câmera. O obturador de uma telemétrica também é incrivelmente fixo e silencioso – diferente da DSLR, onde o espelho gira para cima e para baixo no momento da foto –, e a foto sofre muito pouca vibração quando o obturador é pressionado.
Ainda assim, focar com uma telemétrica Leica não é tão fácil quanto tirar uma foto com seu iPhone. Primeiro, o foco da câmera é totalmente manual. O visor da Leica mostra duas versões da cena à sua frente. O truque é alinhar as imagens e fazê-las se sobreporem na área a ser focada.
A Leica oferece diversos corpos para câmeras digitais. A Leica M-E é o modelo de preço mais baixo entre as M-System. Somente o corpo da M-E custa US$ 450. Ela possui um sensor de 18 megapixels e pode tirar fotos em um ISO de 160 a 2.500 (o numero ISO mede a sensibilidade à luz). Fotos tiradas durante o dia ficarão perfeitamente nítidas, enquanto em locais pouco iluminados as imagens se deterioram e ficam granuladas sem um flash.
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A mais recente câmera de alta qualidade da empresa, a Leica M, foi anunciada no fim do ano passado e custa US$ 6.950. Ela traz um sensor CMOS (semicondutor de óxido metálico complementar, da sigla em inglês) recém-desenvolvido de 24 megapixels, possibilitando que a câmera gere imagens nítidas em situações de pouca luz. A Leica M é a única câmera M-System que também grava vídeos.
A Leica também oferece a Leica M Monochrom, uma câmera de 18 megapixels que tira somente fotos em preto e branco. Algumas pessoas podem questionar por que alguém compraria uma câmera que nem mesmo tira fotos coloridas, mas a Leica investiu anos em pesquisa e desenvolvimento para aperfeiçoar o sensor desta câmera para as sutilezas da fotografia em preto e branco.
Os resultados da Leica M Monochrom são impressionantes. As fotos têm a tonalidade e contraste de um verdadeiro filme preto e branco. A M Monochrom também funciona em ISO de até 10.000, o que permite tirar fotos com muito pouca luminosidade. Tenha em mente que, depois de comprar um corpo de câmera da Leica, você ainda precisará de lentes. E aí, segundo os fotógrafos profissionais, é onde a Leica se supera.
"A Leica produz lentes da forma como deve ser, com metal e vidro, enquanto todos os outros fazem lentes de plástico que precisam ser substituídas em alguns anos", disse Ken Rockwell, fotógrafo e especialista em câmeras e lentes. "As lentes da Leica são especiais porque são pequenas, mais rápidas e mais nítidas".
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Rockwell aponta que as lentes da Leica, ainda montadas manualmente na Alemanha, não possuem os recursos agregados das DSLRs modernas (como motores), e que a empresa usa o vidro de maior qualidade disponível. "O vidro da Leica", explicou Michel, "acrescenta aquela qualidade etérea especial à imagem, algo que nenhuma DSLR consegue imitar".
Eu testei quase todas as câmeras e lentes da empresa. O controle que tenho em uma Leica manual me faz perceber que a atual abundância de botões e recursos na maioria das câmeras muitas vezes faz as pessoas tirarem fotos mais pobres. As lentes da Leica podem variar em preço, de US$ 1.650 para a Leica 50 mm f/2.5 Summarit-M, até a Leica 50 mm f/0.95 Noctilux-M, que custa US$ 10.950. Depois do susto com o valor da Noctilux-M, lembre-se de que ela é considerada uma das melhores lentes para baixa luminosidade do mundo – e possui uma abertura tão ampla que pode tirar fotos quase na escuridão total. A empresa dá nome a suas lentes com base na quantidade de luz que elas podem deixar passar pela abertura; estas incluem a Summilux, Summicron, Summarit e a Noctilux.
Se você já fez as contas, deve ter percebido que a melhor configuração de Leica custará quase US$ 20 mil. Minha configuração pessoal custou a metade disso. Eu tenho uma Leica M9-P usada com lente Leica mm f1.4 Summilux, que custa quase US$ 10 mil – e embora o preço possa fazê-lo engasgar com seu café matinal, eu jogaria o meu iPhone no lixo antes de me separar da minha Leica.
Isso era verdade décadas atrás, e ainda é verdade hoje. Henri Cartier-Bresson, considerado por muitos o pai do fotojornalismo, declarou em sua biografia, "The Mind's Eye", que quando ele descobriu a câmera Leica, no início de sua carreira, "ela se tornou uma extensão de meu olho, e eu nunca me separei dela desde que a encontrei". Entretanto, fique sabendo: embora as Leicas sejam fortes e resistentes, se sua câmera quebrar, prepare-se para esperar alguns meses pelo conserto, pois as instalações de reparos da empresa ficam na Alemanha.
Se você comprar uma Leica, também levará um bom tempo até começar a usá-la; as Leicas estão com uma demanda tão alta que há uma espera de três meses para comprar vários modelos. "Mas não pense que, ao comprar uma Leica, você sairá tirando as mesmas fotos que os melhores fotojornalistas do mundo", disse Rockwell. "A câmera não tira boas fotos; quem o faz é a pessoa atrás dela".
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