Juliana Bianchi
Inicialmente, apenas restaurantes de São Paulo e Rio de Janeiro serão avaliados por inspetores anônimos vindos da EspanhaConsiderado a maior referência mundial em gastronomia, o Guia Michelin lançará sua primeira edição no Brasil no próximo ano, marcando a estreia da publicação na América do Sul. Inicialmente, apenas as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro estarão contempladas no guia bilíngue, cuja apresentação está programada para março. Mantendo a aura de mistério que tradicionalmente acompanha o guia, ainda não se sabe quantos restaurantes serão listados, muito menos se haverá casas com as aguardadas estrelas.
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Conheça alguns dos restaurantes triestrelados pelo Guia Michelin pelo mundo:
Allain Passard, do restaurante L’Arpège, em Paris, no topo do guia com suas três estrelas Michelin há anos
Foto: Alex Cretey-Systermans/The New York Times
L’Assiette Champenoise, um dos restaurantes mais novos a receber as sonhadas três estrelas Michelin na França
Foto: Reprodução
Le Louis XV, em Mônaco, um dos restaurantes triestrelados de Alain Ducasse
Foto: Divulgação
Salão do restaurante do hotel Le Meurice, em Paris, hoje comandado por Alain Ducasse após a saída do chef Yannick Alléno
Foto: Divulgação
Pierre Gagnaire: o chef francês está no Olimpo do Guia
Foto: Divulgação
Osteria Francescana, em Modena, um dos três estrelas Michelin na Itália
Foto: Divulgação/ Paolo Terzi
Enoteca Pinchiorri, um dos restaurantes mais tradicionais e estrelados da Itália
Foto: Divulgação
Restaurante El Celler de Can Roca, em Girona, na Espanha, três estrelas Michelin com os irmãos Roca
Foto: Divulgação
O chef Quique Dacosta, dá nome a seu restautante triestrelado em Dénia, na Espanha
Foto: NYT
Sukiyabashi Jiro Honten, do chef octagenário Jiro Ono, um dos destaques do Michelin no Japão
Foto: Reprodução
Também permanece oculto o número de inspetores, que há três meses já estão visitando hotéis e restaurantes no País. “Estamos trabalhando com profissionais que nos ajudaram a atualizar os guias em Portugal e Espanha, e que falam português. Mas com o tempo iremos treinar inspetores brasileiros, como fizemos nos outros 23 países em que estamos presente”, afirma Michael Ellis, diretor internacional dos Guias Michelin, em evento realizado em São Paulo nesta terça-feira.
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Apesar das polêmicas que envolvem o guia em todo o mundo – especialmente na França, onde existe desde 1900 – a notícia foi recebida de forma positiva entre chefs e restauraters brasileiros. “Este é um bom momento para termos essa grande ferramenta para diferenciar os restaurantes e divulgar nossa gastronomia. O potencial para termos restaurantes três estrelas é grande, mas eles são muito severos. Vamos ver”, afirma Marcelo Fernandes, proprietário dos restaurantes Kinoshita, Attimo e Clos de Tapas.
A edição brasileira seguirá o mesmo molde dos novos guias do grupo, com fotos dos estabelecimentos e de alguns pratos, além de versão mobile. “O guia é uma importante ferramenta de marketing para nossa empresa e é importante que ela impacte o máximo de pessoas”, explica Damien Destremau, vice-presidente da Michelin pneus na América do Sul. De acordo com o executivo, antes mesmo da estreia, 60% das menções sobre a empresa nas redes sociais, no Brasil, têm como referência o guia.
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As avaliações dos restaurantes também seguirão o mesmo padrão usado nos demais países, onde aspectos como qualidade do ingrediente, ponto de preparo, técnica, cozinha autoral e regularidade são prioritárias frente ao serviço e o ambiente. “Para ter uma estrela um restaurante chega a ser visitado três ou quatro vezes e é preciso que todos os inspetores estejam de acordo. É um trabalho longo e muito dispendioso, já que vamos anonimamente e pagamos por todas as refeições”, diz Ellis. “A qualidade de um três estrelas tem que ser a mesma no mundo todo, ainda que as cozinhas sejam diferentes”, completa.
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